quinta-feira, 26 de abril de 2018

COMPRE UM AMIGO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHIÓT ACHAREI MÓT E KEDOSHIM 5778 

BS"D
O E-mail desta semana foi carinhosamente oferecido pela Família Lerner em Leilui Nishmat de: 

Miriam Iocheved bat Mordechai Tzvi z"l

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail 
efraimbirbojm@gmail.com.
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COMPRE UM AMIGO - PARASHIÓT ACHAREI MÓT E KEDOSHIM 5778 (27 de abril de 2018)

"Menashe e Pinchás eram amigos de infância. Com o passar do tempo, a amizade foi ganhando intensidade e se solidificando. Aprenderam a compartilhar as alegrias e as tristezas. Quando cresceram, conheceram boas moças, se casaram e o destino fez com que acabassem morando em reinos diferente. Porém, a amizade continuou inabalável.

Infelizmente, os dois reinos onde eles viviam entraram em guerra e eles não podiam mais se encontrar. Certo dia, Menashe decidiu que, apesar dos perigos, visitaria seu amigo Pinchás. Porém, logo na fronteira ele foi preso. O rei do outro reino acusou-o de espionagem e condenou-o à morte. Menashe solicitou ao rei a realização de um último desejo: que lhe permitisse voltar para casa, por alguns poucos dias, apenas para se despedir de sua família. O rei deu risada daquele pedido tolo, pois sabia que se o deixasse voltar para casa, certamente ele fugiria e nunca mais voltaria. Menashe então perguntou se o rei deixaria caso alguém ficasse no seu lugar. O rei novamente deu uma gargalhada. Quem seria tonto o suficiente para aceitar ficar no lugar de um homem condenado à morte? Enorme foi a surpresa do rei quando Pinchás se apresentou para ficar no lugar do amigo. Apesar de o rei avisar a Pinchás que ele morreria caso Menashe fosse irresponsável e não voltasse em 30 dias, mesmo assim ele aceitou ficar no lugar do seu amigo.

À medida em que os dias para a volta de Menashe terminavam, o rei começou a provocar Pinchás, dizendo que ele era um grande tolo. Pinchás reagia às provocações do rei com tranquilidade, reafirmando sua confiança no amigo e alegando que certamente deveria ter acontecido algum imprevisto durante o caminho. Finalmente, o dia marcado para a execução chegou e Menashe não havia voltado. Pinchás foi levado à praça central da cidade, onde seria publicamente enforcado. Novamente o rei fez questão de mencionar a traição de seu amigo e o modo como ele o havia abandonado naquele momento difícil. Porém, mais uma vez Pinchás corajosamente respondeu que continuava acreditando em Menashe. Se ele não havia voltado, era por um bom motivo.
 
No instante em que a corda foi colocada no pescoço de Pinchás, Menashe chegou à praça correndo, gritando para que a execução fosse interrompida. Ele estava visivelmente esgotado, pálido e ferido. Ainda assim, encontrou forças para abraçar Pinchás e comemorar o fato de tê-lo encontrado com vida, apesar de seu atraso. Emocionado, explicou que seu navio havia naufragado durante uma tempestade e que bandidos o haviam atacado na estrada. Apesar de todos os contratempos e de estar fisicamente debilitado, jamais perdeu a esperança de chegar a tempo de salvar o amigo da morte, cumprindo ele próprio a sentença determinada pelo rei. Porém, para a surpresa de todos, Pinchás se recusou a sair da forca. Ele disse que o amigo havia se atrasado e, portanto, não poderiam mais trocar de lugar. Menashe começou a gritar que o amigo estava errado, pois como havia chegado antes da execução, era ele quem deveria morrer. A discussão continuou por algum tempo, até que o rei, encantado com a beleza daquele sentimento grandioso de amizade verdadeira que se manifestava de forma comovente diante dos olhos de todos presentes, mandou interromper a execução e disse:
 
- Estou disposto a revogar a sentença de morte, mas com uma condição: que eu também possa ser amigo de vocês."
 
Este tipo de amizade, verdadeira e desinteressada, é tão raro que valeria a pena pagar por ela.

Nesta semana novamente lemos duas Parashiót, Acharei Mót (literalmente "após a morte") e Kedoshim (literalmente "Sagrados"). As duas Parashiót falam sobre formas de atingirmos níveis maiores de santidade e pureza espiritual. Enquanto a Parashat Acharei Mót enfoca no serviço espiritual de Yom Kipur e no cuidado com relações ilícitas, a Parashat Kedoshim enfoca nas Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró" (entre a pessoa e seu companheiro), entre elas um dos maiores fundamentos da Torá: "Ame ao seu próximo como a você mesmo" (Vayikrá 19:18). De acordo com este ensinamento, da mesma maneira que queremos que os outros nos respeitem, nos julguem para o bem e queiram o nosso bem, assim devemos nos comportar com o próximo.
 
Um ensinamento semelhante é trazido por Rabi Yossi, que nos afirma: "Que o dinheiro do seu companheiro seja querido para você como o seu próprio dinheiro" (Pirkei Avót 2:12). Isto significa que a pessoa não pode ser esbanjadora quando utiliza o dinheiro dos outros, enquanto é mesquinha quando utiliza seu próprio dinheiro. Além disso, quando vemos os bens de outra pessoa em risco, devemos nos esforçar para protegê-los da mesma forma que protegeríamos se fossem os nossos bens.
 
Porém, há outro ensinamento trazido no Pirkei Avót que aparentemente contradiz o que esta Mishná ensinou. O Rabi Elazar ben Shamua afirma: "Que a honra de seu companheiro seja como o temor aos seus professores" (Pirkei Avót 4:12). É obvio que o temor aos professores deve estar acima do que sentimos pelas outras pessoas. Portanto, de acordo com este ensinamento, a honra que devemos dar ao nosso companheiro deve estar acima da nossa própria honra, e não no mesmo nível, como ensinou o Rabi Yossi.
 
Se o Pirkei Avót estivesse trazendo uma discussão entre o Rabi Yossi e o Rabi Elazar ben Shamua, dois sábios da época do Talmud, então as duas opiniões deveriam ter sido trazidas juntas, na mesma Mishná, para mostrar que há diferentes opiniões sobre o assunto. Porém, o fato de terem sido escritas até mesmo em capítulos diferentes demonstra que não se trata de uma discussão entre os dois sábios. Então, como entender esta aparente contradição? Afinal, devemos honrar o próximo como a nós mesmos ou até mais do que a nós mesmos? Além disso, como Rabi Elazar ben Shamua pode afirmar que devemos respeitar o próximo em um nível mais alto do que o respeito que esperaríamos para nós mesmos se a própria Torá afirmou que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, e não mais do que nós mesmos?
 
Explica o Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) que existem diferentes níveis de amizade. Durante a vida, uma pessoa pode ter muitos amigos. O mais comum é aquele com quem a pessoa divide experiências. Embora a pessoa sinta prazer em estar na companhia deste amigo, ela ainda mantém as aparências, isto é, não demonstra suas vulnerabilidades, com medo que a pessoa utilize estas informações contra ela. Esta forma de relacionamento é definida pelo Rambam como "amor pelo benefício que recebemos" e trata-se de uma amizade que é baseada na conveniência mútua. Já outro nível de amizade, muito mais elevado e raro de ser encontrado, é aquele amigo em quem confiamos plenamente, com quem podemos baixar nossa guarda e dividir nossas inseguranças. Isto somente ocorre quando sentimos que este amigo é completamente dedicado ao nosso crescimento e suas ações são motivadas pela sua preocupação com o nosso bem-estar e os nossos interesses.
 
Explica o Rav Yohanan Zweig que, com esta explicação do Rambam, podemos entender que não há nenhuma contradição entre as duas Mishnaiót do Pirkei Avót. Cada uma das Mishnaiót está se referindo a um dos tipos de amizade que podemos desenvolver com as pessoas. Em relação a um amigo com quem dividimos experiência de vida, devemos respeitá-lo da mesma maneira que gostaríamos que fôssemos respeitados. Em relação a esta pessoa, a Torá nos comanda a nos esforçarmos para amá-lo, para que esta amizade possa se elevar acima de um relacionamento de conveniências. Já em relação a um amigo verdadeiro, aquele que se importa de verdade conosco e com o nosso crescimento, este deve ser respeitado da mesma maneira que respeitamos nossos professores.
 
Este ensinamento também é ressaltado pelos nossos sábios, que afirmam: "Faça para você um rabino e adquira para você um amigo" (Pirkei Avót 1:6). Mas por que a linguagem "adquira um amigo"? Amigos são comprados e vendidos? E por que "adquira um amigo" está junto com "Faça para você um rabino"?
 
Quando criamos uma relação de confiança com um rabino, além dos ensinamentos de Torá que recebemos dele, talvez um dos principais benefícios são os conselhos e direcionamentos de vida. Por ser alguém que se importa de verdade conosco, então ele nos incentiva a estarmos sempre crescendo. Este incentivo pode vir na forma de um elogio, mas às vezes também precisa vir na forma de uma bronca. É uma bronca que deriva do amor verdadeiro, de querer ver o próximo andando nos caminhos corretos. É por isso que nossos sábios juntaram a escolha do rabino e do amigo em uma mesma Mishná, para nos ensinar que esta característica de preocupação com o próximo, encontrada no rabino, também deve ser buscada em um amigo. Esta Mishná certamente se refere a um amigo de verdade, aquele se importa com você, que quer o seu crescimento.
 
Temos à nossa volta muitas pessoas com quem temos um bom convívio social. Porém, a maioria não são amigos de verdade, são apenas colegas. Tudo o que eles querem é aproveitar aquele momento enquanto nossa companhia faz bem para eles. Porém, não são pessoas que querem o nosso bem, que comemoram juntos as nossas conquistas e que chamam nossa atenção quando cometemos erros. Estas são as características de um amigo de verdade, algo realmente muito raro, difícil de ser encontrado. E o Pirkei Avót está nos ensinando que este tipo de amigo é tão importante para o nosso crescimento que, se fosse necessário, valeria até mesmo pagar por ele.
 
É interessante que as palavras do Pirkei Avót parecem uma profecia que se cumpre nos nossos dias. Há pessoas que atualmente se intitulam "Personal Friends", ou "Amigos de aluguel". Oferecem o serviço, em troca de pagamento, de escutar os desabafos dos clientes e oferecer conselhos. São um "ombro amigo" para momentos de crise pessoal. Porém, eles deixam claro que não querem se envolver emocionalmente com os clientes. A existência destes "Personal Friends" demonstra o vazio da nossa sociedade. Nos tornamos pessoas egoístas, só preocupadas com nossos próprios problemas. Infelizmente as pessoas não tem amigos de verdade, com quem podem desabafar, dividir seus problemas e escutar conselhos. Não é a um "Personal Friend" que deveríamos estar dispostos a pagar, e sim aos amigos de verdade, aqueles que se importam conosco, que nos elogiam e que, quando necessário, sabem chamar nossa atenção.

Que possamos ser amigos de verdade dos outros, buscando o crescimento deles, de maneira verdadeira e desinteressada. Um "Personal Friend" cujo único pagamento é o bem estar do próximo.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHIÓT ACHAREI MÓT E KEDOSHIM 5778:

                   São Paulo: 17h23  Rio de Janeiro: 17h10                    Belo Horizonte: 17h16  Jerusalém: 18h41
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l.
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(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
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